Esqueça tudo o que você conhece ou ouviu falar sobre visitas à aldeias indígenas. Visitei juntamente com os blogueiros da 3ª Edição do Pocando no ES: a Aldeia Piraquêaçu, em Aracruz, e tenho muito a contar!
A Aldeia Piraquêaçu fica localizada às margens do Rio Piraquê-Açu e foi construída originalmente para gravação de uma novela e dois filmes. Trata-se, portanto, de uma aldeia cenográfica que se tornou uma aldeia real. Há quase 10 anos cerca de 80 índios moram e trabalham nela com turismo, limpeza e preservação do meio ambiente ao seu redor. Todos falam nativamente a língua guarani e razoavelmente a língua portuguesa.
Fomos recebidos muitíssimo bem pelo Cacique Karaí-Peru (Pedro) e seu filho Karaí-Mirim (Rodrigo). Eles nos contaram que a visita à aldeia inclui experiências de costumes e tradições indígenas, como o passeio de trilha pela mata (a Trilha do Cipó é a mais famosa), apresentação de danças indígenas, pintura corporal e, caso o turista queira almoçar na Aldeia Piraquêaçu, as índias preparam um delicioso almoço típico. Mas a nossa parte predileta foi, sem dúvidas, nossa conversa e os ensinamentos que aprendemos com eles.
De todas as histórias que ouvimos nos tocou profundamente a tristeza que eles sentem ao ver nosso meio ambiente sendo degradado, os rios contaminados e o aumento da poluição. Inclusive, na apresentação do coral de índios ficamos MUITO emocionados com um canto em guarani que, como nos explicou depois o índio Rodrigo, o Karaí-Mirim, trata justamente desse tema.
Nosso almoço foi farto: salada, arroz, feijão, macarrão, frango e Inhambi, um prato típico indígena que nos lembrou bastante o capeletti. O tempero estava delicioso! E um detalhe nos chamou a atenção: TODOS os índios da Aldeia Piraquêaçu, sem exceção, só começaram a almoçar depois que todos os visitantes haviam terminado suas refeições e estavam satisfeitos.
Sentimos falta de banheiros, e fomos informados que a Aldeia Piraquêaçu ainda não possui toda a infraestrutura de que necessita. Para tomar banho com água potável, por exemplo, eles precisam se dirigir até outra aldeia que fica há cerca de meia hora. Vimos muitas garrafas de água mineral em um cantinho e soubemos que toda a água consumida precisa ser comprada. Achamos bem triste essa carência de infraestrutura pra eles, que fazem um papel tão importante de cuidar do manguezal, dos rios e das matas.
Antes de ir embora compramos belíssimas peças de artesanato indígena e também um acessório bem bonito para o cabelo, que eles produzem e vendem para os turistas que tem interesse. Nossa vontade foi ficar por lá até o anoitecer para contemplar o céu estrelado sem as luzes da cidade, mas a pernoite de turistas ainda está sendo viabilizada e em breve será possível.
Trouxe uma lição muito importante aprendida nessa visita: se continuarmos a fechar os olhos e os ouvidos para o clamor do povo indígena pela preservação do meio ambiente, as tragédias naturais e a fúria da natureza não pouparão nossas futuras gerações. Uma triste constatação, que esperamos não se tornar uma triste realidade.
Onde:
Rodovia ES-010, próximo à Ponte de Santa Cruz
Como chegar:
São duas formas de chegada à Aldeia. Saindo de Vitória em direção ao município de Fundão, passar por Nova Almeida, chegando à Aracruz. No distrito de Santa Cruz, passar pela ponte sobre o Rio Piraquê-Açu e entrar à esquerda. Pelo Rio Piraquê-Açu também é possível chegar, através do Passeio de Escuna
Telefone:
(27) 99606-2754 (contato direto com o cacique Pedro)
Site:
https://www.instagram.com/aldeiatematikaturismo/
Dica:
É preciso agendar a visitação com antecedência. A pintura corporal com tinta de jenipapo demora cerca de um mês para sair da pele, por isso não é aconselhável fazer no rosto